DTM & Dor Orofacial

Prof. Dra. Iris Monteiro​

Dr. Patrício Monteiro

DTM & Dor Orofacial ou a já conhecida Oclusão é a área da Medicina Dentária associada à relação funcional entre os componentes do sistema mastigatório, ou seja, entre os dentes, as gengivas, o sistema neuromuscular, as articulações temporomandibulares e a parte muscular e óssea envolvente.

Manter o equilíbrio e uma correta relação entre os maxilares e um posicionamento dentário é essencial para a manutenção das funções orais – mastigação, deglutição, fonética e estética.

Quando esta oclusão não se encontra num estado funcional, dá-se a má oclusão dentária. Resumindo, a má oclusão está associada ao funcionamento anormal da relação do maxilar superior (maxila) e inferior (mandíbula), e da posição dos dentes superiores e inferiores. Esta condição revela consequências para os seus dentes e para as funções dos mesmos, sendo que ao afetar a articulação temporomandibular pode dar origem a uma disfunção da mesma.

A ATM é a articulação temporomandibular que liga o maxilar ao crânio, situa-se perto dos ouvidos e é coordenada principalmente pelos músculos da mastigação estando por isso, muitas vezes, relacionada diretamente com a tensão nesses mesmos músculos. Essa articulação é uma das mais complexas do corpo humano, responsável pela movimentação da mandíbula para a frente, para trás e para os lados. Quando esta articulação apresenta uma patologia ou não está a funcionar adequadamente, falamos de DTM.

Atualmente, a evidência científica revela ainda que o stress, a ansiedade e elevados graus de exigência (desportiva, profissional, pessoal, familiar e/ou social) contribuem para aumentar a tensão nos maxilares o que pode levar a uma Disfunção TemporoMandibular (DTM). Existe ainda uma relação positiva entre os níveis de tensão física e/ou emocional com a intensidade de alguns sintomas que a DTM pode causar.

Um paciente com má oclusão não tem necessariamente uma DTM mas pode ter efeitos secundários indesejáveis, como:

  • desgaste dentário
  • fissuras no esmalte
  • recessões gengivais
  • alterações da posição dentária
  • limitação do movimento mandibular
  • alterações na postura

 

Contudo, qualquer problema que impeça a função ou o adequado funcionamento deste complexo sistema de músculos, de ligamentos, de discos e de ossos é chamado de DTM, podendo causar sintomas leves a severos como:

  • Dor ao mastigar
  • Dor no ouvido, face, mandíbula e/ou pescoço
  • Ruídos quando abre ou fecha a boca
  • Bloqueios da mandíbula e/ou da articulação temporomandibular
  • Dores de cabeça / enxaquecas
  • Alterações no equilíbrio e na visão
  • Zumbidos

 

Tendo por base o sintoma DOR, aguda ou crónica, surge o conceito per si Dor Orofacial. É toda a dor associada aos tecidos moles e mineralizados (pele, vasos sanguíneos, ossos, dentes, glândulas e músculos) da cavidade oral e da face, podendo conduzir à extensão de sintomas a todas as outras partes do corpo.

As condições clínicas mais frequentemente associadas a dor orofacial são dores de dentes e de tecidos periodontais e envolventes, dor muscular e/ou articular, neuralgias, tumores, trauma, tecidual, doenças autoimunes, etc. Usualmente essa dor pode ser referida da região da face, cabeça e/ou pescoço ou mesmo estar associada a cervicalgias, cefaleias primárias, fibromialgia e doenças reumáticas como artrite reumatoide.

Sendo a DTM de origem multifactorial, é de extrema importância a avaliação clínica especializada, de forma a realizar um diagnóstico exato e proporcionar o(s) tratamento(os) mais eficaz e adequado. O diagnóstico da DTM é feito através de um exame objetivo criterioso da área da Medicina Dentária especifica e especializada em DTM & Dor Orofacial, relacionando os sinais e sintomas apresentados juntamente com historial clínico onde o paciente fornece toda a sua informação, podendo ser complementada ainda pelos exames complementares de diagnóstico.

Depois de bem diagnosticada, com uma clara identificação multifatorial, o tratamento da DTM & Dor Orofacial, poderá passar por orteses (goteiras / placas oclusais) adaptadas a cada caso e situação, exercícios musculares e de alongamento mandibular, manipulação dos músculos da face e das estruturas envolvidas, exercícios / técnicas cognitivo-comportamentais, úteis para controlar os sintomas e, até, eventual medicação em situações mais agudas. Atualmente, tratamentos multidisciplinares são primordiais e destacam maior sucesso e estabilidade clínica.

A correção da má oclusão, na ausência de Dor Orofacial e de uma ATM funcional, poderá ainda ser ajudada com o trabalho de qualquer especialidade que vá ao encontro de oferecer ao paciente a sua boa relação dentária e função adequada, como a Reabilitação Oral ou a Ortodontia & Ortopedia Facial.